Muitas pessoas sentiram necessidade de, devido às despesas que tinham em plena pandemia da Covid-19, pedir um período de carência ao banco, nomeadamente no crédito à habitação. Uma forma de minimizarem os custos mensais em tempos de crise pandémica. Mas será que esta é uma boa opção? No artigo desta semana da Deco Alerta explicamos-te tudo sobre este tema.
A Deco Alerta é uma rubrica semanal destinada a todos os consumidores em Portugal que é assegurada pela Deco – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor* para o idealista/news.
Desde abril do ano passado que os nossos rendimentos (consequência do ‘lay-off’) diminuíram bastante. Já não conseguimos cumprir o pagamento das despesas, sobretudo do crédito à habitação. Pedir um período de carência no crédito à habitação será uma boa decisão?
O período de carência (de capital) trata-se de uma solução possível e temporária para quem se encontra em incumprimento ou em risco de não cumprir as prestações do crédito. Porém, é uma decisão que terá de ser ponderada cuidadosamente e para tal necessitas de informação.
Antes de mais, esclarecemos que as prestações de um crédito são compostas por uma parcela de capital e outra de juros. Ora, durante o período de carência, o consumidor contrata com a instituição de crédito um período durante o qual não há lugar a amortização de capital, acontecendo apenas pagamento de juros. A prestação durante este período é, por isso, menor do que a prestação anterior, pois deixa de incluir a componente do capital.
Portanto, o período de carência consiste num intervalo de tempo livremente acordado por ti e pelo banco ou instituição de crédito. Este intervalo tem, por norma, duração entre seis e 24 meses mas, dependendo de cada situação, poderá ser prorrogado.
Embora seja uma opção na renegociação de créditos, o período de carência, numa perspetiva a médio e longo prazo, tem algumas desvantagens que deverás analisar. Após o término do período de carência, o valor da prestação aumenta, uma vez que aquela parcela de capital que não foi liquidada durante a carência será diluída ao longo do prazo remanescente do crédito.
Quanto maior o período de carência, menor é o prazo de que o consumidor dispõe para o reembolso do capital e, assim, maior será o aumento da prestação face à do período de carência. Além desta desvantagem, existe ainda a possibilidade da instituição de crédito agravar o spread (componente da taxa de juro, que expressa a margem de lucro da instituição de crédito).
Por isso, aconselhamos-te a, antes de negociar um período de carência, contactares o banco e pedires uma simulação que indique o prazo da carência, o valor da prestação durante aquele período e o aumento da prestação no fim do mesmo.
Caso decidam avançar com esta renegociação, não se esqueçam que será necessário assinar um aditamento ao contrato do crédito, pois é uma alteração ao conteúdo do contrato inicial, o que obriga a uma leitura atenta e cuidada. Fonte: Idealista News