Venda de casas em Portugal sobe 34% - e acelera aumento dos preços

Preço das casas acelerou na maioria dos municípios mais populosos, com destaque para o Funchal, revela o INE.
24 abr 2025 min de leitura

venda de casas em Portugal deu um salto no final de 2024, tendo sido transacionadas 44.115 habitações neste período, mais 34,2% do que um ano antes. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) agora divulgados espelham os efeitos da queda dos juros e dos novos apoios destinados aos jovens, que estimularam a compra de habitação no país. Mas houve uma consequência: os preços das casas aceleraram o ritmo de subida tanto a nível nacional, como na maioria dos municípios mais populosos do país.

Entre outubro e dezembro de 2024, foram vendidas 44.115 habitações em Portugal, mais 34,2% face ao mesmo trimestre do ano anterior, lê-se no no boletim publicado esta quarta-feira, dia 23 de abril. Este impulso à compra de casas deveu-se, sobretudo, a descida dos juros nos créditos habitação combinado com a isenção do IMT e com a garantia pública destinada aos jovens até aos 35 anos, que têm tido elevada adesão no país.

Este aumento da venda de casas foi sentido em todas as 26 sub-regiões do país, com destaque para a Região Autónoma da Madeira (+74,7%), Alentejo Litoral (+53,1%) e o Grande Porto (+44,3%). De notar ainda que “a Grande Lisboa e a Área Metropolitana do Porto concentraram 35,1% das transações de alojamentos familiares no quarto trimestre de 2024”, refere o INE.

Acontece que estes incentivos à compra de casa acabaram por acentuar o desequilíbrio já existente entre a alta procura e escassa oferta de habitação. E foi por isso que o preço mediano das casas vendidas acabou por se fixar em 1.870 euros por metro quadrado (euros/m2) no final de 2024, tendo acelerado a subida para 15,5% (no trimestre anterior havia crescido 10,8%).

Assim, as famílias acabaram por comprar casas mais caras (pelo valor mediano de 1.905 euros/m2 no final de 2024, mais 16,4% face há um ano). E este crescimento dos preços foi mais acentuado no caso das vendas de casas a portugueses (+16,2% para 1.841 euros/m2) do que a estrangeiros (+13,9% para 2.553 euros/m2).


Maioria dos municípios populosos vê preços das casas a acelerar

Portanto, os preços das casas à venda em Portugal não só estão a ficar mais caros, como o ritmo de subida está a acelerar. E esta realidade foi sentida em 19 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes no final de 2024, tendo os municípios do Funchal (+42,0 pontos percentuais) e de Matosinhos (+21,3 p.p.) apresentado os maiores acréscimos. 

Também no município do Porto o custo da habitação acelerou 10,9 p.p. entre o fim de 2024 e o verão de 2024. E em Lisboa os preços aumentaram o ritmo de subida em 4,2 p.p., destaca o INE. De notar ainda que houve cinco municípios populosos onde se observou uma desaceleração da subida dos preços das casas: Maia, Braga, Vila Nova de Gaia, Barcelos e Santa Maria da Feira.

O que é certo é que comprar casa ficou mais caro em todos os municípios com mais de 100 mil habitantes entre o fim de 2024 e o mesmo período do ano anterior, tendo os municípios do Funchal (+51,1%), Gondomar (+21,1%) e Guimarães (+9,6%) registado os maiores aumentos. A menor subida foi observada em Cascais (+0,6%).

“Os municípios de Lisboa (4.425 euros/m2), Cascais (4.201 euros/m2), Funchal (3.693 euros/m2) e Oeiras (3.622 euros/m2) apresentaram os preços da habitação mais elevados”, indica o instituto. E Barcelos o valor mais baixo de todos (1.330 euros/m2).

Preço das casas vendidas nos municípios com mais de 100 mil habitantes

Valores medianos dos preços das casas no 4º trimestre 2024 (euros/m2)
Variações homólogas (%) | Diferença entre taxas homólogas em pontos percentuais (p.p.)

Table with 5 columns and 25 rows.
Municípios populosos Preço das casas 4T2024 Variação homóloga 4T2024 Variação homóloga 3T2024 Diferença (em pontos percentuais)
Funchal 3 693 51,1%
51,1%
51,1%
9,1%
9,1%
9,1%
42,0
42,0
42,0
Matosinhos 2 713 13,8%
13,8%
13,8%
−7,5%
−7,5%
−7,5%
21,3
21,3
21,3
Coimbra 1 930 14,2%
14,2%
14,2%
−4,8%
−4,8%
−4,8%
19,0
19,0
19,0
Gondomar 1 883 21,1%
21,1%
21,1%
10,1%
10,1%
10,1%
11,0
11,0
11,0
Porto 3 011 6,3%
6,3%
6,3%
−4,6%
−4,6%
−4,6%
10,9
10,9
10,9
Guimarães 1 471 19,3%
19,3%
19,3%
9,6%
9,6%
9,6%
9,7
9,7
9,7
Almada 2 784 14,3%
14,3%
14,3%
6,0%
6,0%
6,0%
8,3
8,3
8,3
Oeiras 3 622 17,0%
17,0%
17,0%
11,2%
11,2%
11,2%
5,8
5,8
5,8
Vila Nova de Famalicão 1 490 14,7%
14,7%
14,7%
9,1%
9,1%
9,1%
5,6
5,6
5,6
Odivelas 2 894 15,2%
15,2%
15,2%
9,7%
9,7%
9,7%
5,5
5,5
5,5
Vila Franca de Xira 2 212 15,4%
15,4%
15,4%
10,5%
10,5%
10,5%
4,9
4,9
4,9
Portugal 1 870 15,5%
15,5%
15,5%
10,8%
10,8%
10,8%
4,7
4,7
4,7
Leiria 1 567 6,9%
6,9%
6,9%
2,4%
2,4%
2,4%
4,5
4,5
4,5
Loures 2 732 14,2%
14,2%
14,2%
9,8%
9,8%
9,8%
4,4
4,4
4,4
Lisboa 4 425 8,3%
8,3%
8,3%
4,1%
4,1%
4,1%
4,2
4,2
4,2
Setúbal 2 120 13,6%
13,6%
13,6%
10,2%
10,2%
10,2%
3,4
3,4
3,4
Seixal 2 285 11,7%
11,7%
11,7%
9,0%
9,0%
9,0%
2,7
2,7
2,7
Amadora 2 600 11,2%
11,2%
11,2%
10,4%
10,4%
10,4%
0,8
0,8
0,8
Sintra 2 315 11,4%
11,4%
11,4%
10,7%
10,7%
10,7%
0,7
0,7
0,7
Cascais 4 201 0,6%
0,6%
0,6%
0,2%
0,2%
0,2%
0,4
0,4
0,4
Santa Maria da Feira 1 392 11,2%
11,2%
11,2%
11,9%
11,9%
11,9%
−0,7
−0,7
−0,7
Barcelos 1 330 17,8%
17,8%
17,8%
21,0%
21,0%
21,0%
−3,2
−3,2
−3,2
Vila Nova de Gaia 2 136 10,6%
10,6%
10,6%
14,1%
14,1%
14,1%
−3,5
−3,5
−3,5
Braga 1 723 8,3%
8,3%
8,3%
12,0%
12,0%
12,0%
−3,7
−3,7
−3,7
Maia 2 103 14,3%
14,3%
14,3%
22,0%
22,0%
22,0%
−7,7
−7,7
−7,7

Fonte: INECriado com Datawrapper

Casas para comprar em caras em todas as sub-regiões 

As casas à venda ficaram mais caras nas 26 sub-regiões do país entre o fim de 2024 e o mesmo período do ano anterior, destacando-se a Região Autónoma da Madeira com o maior crescimento (+54,9%) e a Região Autónoma dos Açores com o menor (+3%). 

“O aumento expressivo do preço mediano registado na Região Autónoma da Madeira deveu-se, essencialmente, ao forte crescimento do número de transações de alojamentos novos (quatro vezes o do trimestre homólogo), traduzindo-se num crescimento de 57,5% do valor mediano deste segmento de alojamentos familiares. Note-se que, no quarto trimestre de 2024, as transações de alojamentos novos representaram 43,8% do total de transações da Região Autónoma da Madeira, sendo que esta proporção era de 17,4% no quarto trimestre de 2023”, explica o gabinete de estatística português.

A Grande Lisboa (3.032 euros/m2), Região Autónoma da Madeira (2.895 euros/m2), Algarve (2.851 euros/m2), Península de Setúbal (2.222 euros/m2) e a Área Metropolitana do Porto (2.049 euros/m2) registaram os preços da habitação mais elevados de todos.

Já a sub-região do Douro apresentou o menor preço mediano de venda de alojamentos familiares (610 euros/m2) no fim de 2024.

Preço das casas vendidas por sub-regiões

Valores medianos dos preços das casas (euros/m2)
Variação homóloga (%)

Table with 4 columns and 27 rows.
Sub-regiões Preço das casas 4T2024 Preço das casas 4T2023 Variação homóloga
Região Autónoma da Madeira 2 895 1 869 54,9%
Alto Tâmega e Barroso 948 716 32,4%
Alto Alentejo 659 520 26,7%
Médio Tejo 1 039 847 22,7%
Lezíria do Tejo 1 294 1 089 18,8%
Terras de Trás-os-Montes 784 667 17,5%
Ave 1 375 1 186 15,9%
Alto Minho 1 306 1 129 15,7%
PORTUGAL 1 870 1 619 15,5%
Área Metropolitana do Porto 2 049 1 776 15,4%
Beiras e Serra da Estrela 634 550 15,3%
Região de Coimbra 1 275 1 107 15,2%
Península de Setúbal 2 222 1 952 13,8%
Beira Baixa 628 556 12,9%
Tâmega e Sousa 1 040 921 12,9%
Cávado 1 598 1 417 12,8%
Grande Lisboa 3 032 2 728 11,1%
Oeste 1 683 1 530 10,0%
Viseu Dão Lafões 836 766 9,1%
Algarve 2 851 2 623 8,7%
Douro 610 571 6,8%
Região de Aveiro 1 408 1 324 6,3%
Região de Leiria 1 250 1 178 6,1%
Baixo Alentejo 739 700 5,6%
Alentejo Litoral 1 767 1 674 5,6%
Alentejo Central 1 045 990 5,6%
Região Autónoma dos Açores 1 131 1 098 3,0%

Fonte: INECriado com Datawrapper

Fonte: Idealista News
Veja Também
Outras notícias que poderão interessar
Estamos disponíveis para o ajudar Pretendo ser contactado
Data
Hora
Nome
Contacto
Mensagem
captcha
Código
O que é a pesquisa responsável
Esta pesquisa permite obter resultados mais ajustados à sua disponibilidade financeira.